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PORQUÊ É NECESSÁRIO CERTIFICAR

Atualizado: 2 de ago. de 2020

Como falamos diversas vezes por aqui, a arquitetura sustentável é um tema amplo e que aborda diversas esferas complementares. A construção sustentável busca repensar constantemente o uso e gerenciamento dos recursos naturais e dos resíduos do ambiente construído, tanto nos edifícios existentes quanto em novas edificações.


Já falamos também sobre a diferença entre conservação de energia e eficiência energética, lembra? É relativamente simples reduzir o consumo de energia diminuindo o nível de iluminação artificial ou desligando o ar condicionado no verão, certo? No entanto, essas medidas provalmente não serão eficientes para a saúde e o bem-estar das pessoas, deixando-as desconfortáveis, improdutivas e até infelizes.


Isso quer dizer que o ambiente construído deve desempenhar efetivamente as funções para as quais foi concebido - a arquitetura sempre é feita para as pessoas! Nós precisamos estar confortáveis, ​​com temperaturas adequadas, em ambientes bem ventilados e iluminados, e com acústica adequada. Além disso, há também o consumo de energia que água. E como saber que as edificações verdes de fato atendem a todos esses critérios, ou o que torna um edifício mais ou menos sustentável do que outro?



A fim de padronizar quais critérios e requisitos tornam de fato um edifício mais sustentável, foram desenvolvidos sistemas de classificação ambiental e regulamentos. Eles apresentam métodos e protocolos padronizados a serem aplicados na avaliação do desempenho ambiental da construção. É essencial que um conjunto comum de parâmetros seja adotado e que os resultados mostrem-se em relação a referências consistentes, para que reivindicações de edifícios verdes e sustentáveis sejam um fato - e não um simples apelo.


Atualmente, estima-se que existam aproximadamente 600 sistemas de classificação ambiental no mundo e novos métodos estão sendo propostos continuamente. Podemos dividi-los em três grupos, levando em consideração características, objetivos e escopo de aplicação:


Sistemas de Avaliação de Sustentabilidade na Construção


São métodos que avaliam o nível de sustentabilidade de um edifício considerando seus sistemas e subsistemas. Eles classificam e certificam o edifício com base em categorias predefinidas de sustentabilidade (ambiental, econômica e social), através de uma série de parâmetros e critérios que são constantemente atualizados de acordo com a evolução da tecnologia da construção. São sistemas voluntários e/ou educacionais, geridos por agências governamentais ou desenvolvidos por organizações não-governamentais.


Esses métodos avaliam um grande número de aspectos sustentáveis ​​dos edifícios. Dado que a maioria das escolhas adotadas durante a fase de projeto terão impacto na fase de uso do edifício, a grande maioria dos Sistemas se concentra na avaliação de novas construções e estuda todo o ciclo de vida do edifício.


Alguns exemplos de sistemas de avaliação da sustentabilidade na construção são o precursor BREEAM (Reino Unido), o LEED (EUA) e o Aqua-HQE (França), que expandiram suas fronteiras além dos seus países de origem, e tem sido aplicados internacionalmente, inclusive no Brasil.



As categorias Energia e Qualidade Ambiental Interna, relacionadas aos aspectos ambientais, estão presentes em todos os métodos, o que comprova que esses são aspectos influentes - e talvez mais tangíveis de alcance (ainda que complexos) no que diz respeito aos projetistas, se comparados aos aspectos sociais e econômicos da sustentabilidade.



Regulamentos de construção sustentável


Também de aplicação voluntária, são métodos que exigem requisitos mínimos de desempenho para determinar se um edifício e/ou seus sistemas e subsistemas atendem àqueles critérios ou não. Nesse caso, eles não categorizam edifícios sustentáveis ​​e geralmente são aceitos como sinônimos de boas práticas.


Os regulamentos se concentram em duas das sete fases do ciclo de vida - no projeto e no uso do edifício, principalmente nos aspectos relacionados à energia e aos materiais. Eles se baseiam apenas no aspecto ambiental da sustentabilidade, e não abordam as questões sociais e econômicas, como o estudo do ciclo de vida ou de desenvolvimento urbano, por exemplo.


Além de estabelecer limites de consumo de energia, eles fornecem um catálogo de sistemas ou soluções construtivas para permitir que a edificação cumpra esses requisitos considerando o tratamento da arquitetura, tentando minimizar as necessidades de consumo dentro dos edifícios e, assim, reduzir as emissões de GEEs associadas à sua produção.


Alguns exemplos de Regulamentos são o Passivhaus (Reino Unido), o Built Green (EUA) e o Net Zero Energy (NZE), além do Programa Brasileiro de Etiquetagem de Edifícios, o PBE-Edifica.



Ferramentas de avaliação


As ferramentas de avaliação não são voltadas para a certificação, classificação ou conformidade com os requisitos mínimos, mas para fornecer ao projetista uma ferramenta de suporte no projeto sustentável do edifício. Ou seja, elas não geram uma avaliação completa, porém muitos dos métodos dos Sistemas e Regulamentos podem exigir a entrada de dados do edifício que necessitem utilizar essas ferramentas para sua obtenção.


Os softwares facilitam a tomada de decisão durante a fase de projeto, como a escolha de materiais de construção adequados. Há dois tipos principais de ferramentas atualmente: para avaliação do ciclo de vida, que auxiliam no estudo dos impactos ambientais dos materiais do edifício, como o ATHENA; e de simulação de eficiência energética, que permitem a modelagem dos edifícios para avaliação da sua performance e desempenho energético, como o EnergyPlus.


As ferramentas são consideradas um ponto intermediário entre os Sistemas e os Regulamentos, pois levam em consideração aspectos ambientais e econômicos, embora o segundo ainda tenha menor abrangência de dados nos softwares.



Mas por que certificar?


Além de avaliar ou classificar o nível de sustentabilidade, muitos Sistemas e Regulamentos possibilitam a certificação do edifício por um organismo de terceira parte. Um organismo certificador isento pressupõe uma série de regras extremamente rigorosas e claras, trazendo credibilidade ao processo. Isso envolve auditores qualificados, treinados pela agência que concede a certificação.


A certificação de edifícios é utilizada no mercado como um mecanismo de diferenciação, destinada ao reconhecimento das melhores práticas - dentro de uma amostra de edifícios, apenas alguns possuem determinados atributos de sustentabilidade que os diferenciam dos demais. Conforme o próprio mercado evolui e adota essas melhores práticas como padrão, a certificação precisa ser constantemente revisada e atualizada, dando destaque para aqueles projetos que estão atentos e se mantém à frente das práticas comuns.


Nesse sentido, certificar também é uma das estratégias de incentivo que estimula a adoção de modelos sustentáveis. Costumo dizer que certificar um edifício sustentável é como "entregar a prova para correção" - a auditoria funciona da mesma forma: submeter o projeto para inspeção significa verificar se os requisitos daquele escopo foram aplicados corretamente, e qual nota foi alcançada. E o seu prédio, passaria na prova? :)


Com carinho,

L.

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