Sabemos que a indústria da construção civil é uma das principais contribuintes para degradação ambiental e para o aquecimento global, com altas emissões de GEEs, devido a extração e consumo de recursos naturais e energia.
Nesse sentido, reconhecendo a importância de práticas sustentáveis de construção, organizações e autoridades da área buscam reduzir e otimizar o consumo de recursos naturais e controlar e gerir o descarte de resíduos desde a fase de projeto, para aplicação na construção e operação das edificações.
Dessa forma, as expressões "verde" ou "ecológico" e "sustentável" foram introduzidos nas práticas da construção civil. Mas você sabe a diferença entre elas?

Edifícios verdes
Os termos verde (que vem da expressão inglesa green, um adjetivo com contextualização política relativo à proteção do meio ambiente) e sustentável foram evoluindo ao longo do tempo e estão longe de serem sinônimos.
O conceito de verde na construção civil já foi definido por diversos pesquisadores. Em 2008, foi indicado que verde seria um termo que
"abrange estratégias, técnicas e produtos de construção que consomem menos recursos ou geram menos poluição do que a construção regular".
Apesar do uso recorrente dessa expressão, a maioria dos edifícios verdes existentes apresenta melhorias dos métodos tradicionais de construção ao invés de se afastarem radicalmente daquilo que é reconhecido como tendo grande impacto ambiental. No entanto, esse processo de tentativa e erro em conjunto com a incorporação gradativa dos princípios sustentáveis, estimula a evolução do setor para alcançar a sustentabilidade completa em todas as fases do ciclo de vida do ambiente construído. Toda grande caminhada começa com pequenos passos :)
Arquitetura sustentável
O movimento para o desenvolvimento sustentável evolui no mundo todo há quase 30 anos. A construção sustentável aborda o papel do ambiente construído na contribuição para a visão mais abrangente da sustentabilidade.
A sustentabilidade também passou por ambiguidades e incertezas - mais de 100 conceitos já foram dados. A definição clássica e talvez a mais conhecida, publicada no Relatório de Brundtland na Comissão Mundial das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento em 1987, afirmou que
"o desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender às suas próprias necessidades".
Fica claro que a responsabilidade de uma geração em relação às gerações futuras, assim como os direitos das gerações futuras em relação à população contemporânea, é fundamental no desenvolvimento sustentável. Isso traz considerações éticas com relação à moral e à justiça, que se estende não apenas às próximas gerações, mas também ao universo dos não-humanos - a sua alteração ou destruição também afeta a qualidade de vida das pessoas, reduzindo suas escolhas. É preciso lembrar sempre que somos parte de um ecossistema que está intimamente conectado.
A sustentabilidade, portanto, trata de um conceito interdisciplinar e está sujeita a diversas interpretações, mas os seus três pilares principais serão sempre os impactos ambientais, sociais e econômicos daquilo que se está em questão - no nosso caso, a arquitetura - na comunidade que está inserida. Podemos inclusive considerar a sustentabilidade na arquitetura como um conceito de desenvolvimento ininterrupto, porque a evolução nas práticas de construção também é constante nas três esferas.
Edifícios verdes e arquitetura sustentável
Ou seja, existem critérios para avaliar e mensurar se e quanto os edifícios verdes são mais ecologicamente corretos do que a prática tradicional no que diz respeito ao consumo de energia e água, ao uso da terra e dos materiais - percebemos que o meio ambiente é sempre o seu núcleo. Já a sustentabilidade de um projeto inclui as mesmas questões ambientais, mas também questões sociais e econômicas - abrangendo os três pilares principais.
Ainda que muitos caminhos rumo à sustentabilidade na arquitetura e aos edifícios verdes tenham sido trilhados, ainda há muito o fazer. Se formos mencionar apenas a questão energética - que emite GEEs em sua geração - o setor da construção civil mantém-se como um grande consumidor. E a perspectiva para os próximos 40 anos, é de que dois terços de todos os prédios construídos sejam erguidos em países onde não há normas obrigatórias sobre uso eficiente de energia. Isso pode ser devido à atitude passiva dos profissionais da construção em relação à adoção de soluções sustentáveis.
De acordo com a ONU, algumas formas para reverter esse cenário é através de estratégias que criem incentivos de mercado para estimular a adoção de modelos sustentáveis e investimentos em larga escala em soluções tecnológicas de baixo carbono. Além disso, a implementação de políticas públicas e códigos de construção (normas), incluindo os programas de certificação.
Outro ponto relevante são iniciativas de divulgação de informação e conscientização tanto para investidores e gestores quanto para nós, usuários - afinal, é sempre bom lembrar: não são os prédios que consomem energia, somos nós :)
Vamos juntas?
Com carinho,
L.